Desci hoje a Avenida da Liberdade até ao Terreiro do Paço, com centenas de milhares de pessoas.
A manifestação não foi o passeio público de revolta de dia 15 de Setembro. Foi uma procissão, no espaço do antigo passeio público novecentista, com os pendões de cada sindicato, atrás de quem seguiam muitos outros descontentes. E quando digo procissão, digo-o como religioso: milhares de seres unidos numa mesma certeza e com um mesmo fim para além dos seus gestos e actos. E assim foi de tal forma, que éramos tantos que a grande maioria nem conseguiu chegar ao Terreiro do Paço.
Julgo que um número largo de pessoas não participaram precisamente por não quererem outros pendões e grupos que não o da sua indignação. Querem auto-representar-se. Querem uma manifestação não ligada a grupos ou pessoas, mas que seja apenas a soma do desconcerto único, um a um, formando um colectivo. E isto não é um indicador de somenos, bem pelo contrário: é um sintoma da solidão num mundo que a comunicação social e …
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